sexta-feira, 13 de abril de 2012

As riquezas segundo o Velho Testamento – parte III

A riqueza como recompensa e benção

semente As riquezas segundo o Velho Testamento   parte III

No contexto do Antigo Testamento é muito comum vermos as riquezas como recompensa: por exemplo no livro de Crônicas, tão preocupado em marcar a justiça de Deus na Terra. Josafá caminha pelos passos de Davi, seu pai; ele fora devotado e justo; ele não procurara os baalins, muito pelo contrário, ele os combatera: “buscou o Deus de seu pai e obedeceu seus mandamentos”. Então Deus sancionou sua fidelidade pela riqueza.

O SENHOR confirmou o reino nas suas mãos, e todo o Judá deu presentes a Josafá, o qual teve riquezas e glória em abundância. 1Cr 17:5
E como consequência além desta recompensa, vemos que esse rei confirmara ainda sua devoção, fizera uso justo das suas riquezas (2Cr 17).
O mesmo ocorre com Ezequias, rei de Judá, que fora igualmente um rei devotado que fizera reviver a instituição da Páscoa, por exemplo. E não é em vão que se fala das riquezas de Ezequias depois da grande crise de seu reino:


Naqueles dias, adoeceu Ezequias mortalmente; então, orou ao SENHOR, que lhe falou e lhe deu um sinal. Mas não correspondeu Ezequias aos benefícios que lhe foram feitos; pois o seu coração se exaltou. Pelo que houve ira contra ele e contra Judá e Jerusalém. Ezequias, porém, se humilhou por se ter exaltado o seu coração, ele e os habitantes de Jerusalém; e a ira do SENHOR não veio contra eles nos dias de Ezequias. Teve Ezequias riquezas e glória em grande abundância. 2Cr 32:24-27
Vemos nesses textos, e em outros, a riqueza como uma recompensa pela devoção, pela fidelidade a Deus, pela observância de sua vontade; quer dizer: por uma atitude espiritual. Desde então, essa recompensa surgiu como uma sanção de uma justiça espiritual, ela introduz a decisão eterna de Deus no jogo.
Isso aparece ainda mais claramente quando se considera todas as promessas de riqueza a Israel e, inclusive, a transferência para Israel da riqueza das nações: “a riqueza do pecador é depositada para o justo” (Pv 13.22). É o que acontece na saída do Egito quando o povo de Israel se apossa de riquezas consideráveis abandonadas pelos egípcios aterrorizados. A palavra de ordem “Vós espoliareis o Egito” se realiza.
Que a atribuição de riquezas seja uma benção, no sentido amplo do termo, todo um conjunto de passagens bíblicas o atesta. Isto faz parte mesmo da bênção endereçada a Abraão pelos seus descendentes: “a tua posteridade [...] será reduzida à escravidão, [...] e depois sairão com grandes riquezas.” Logo, esta é uma parte da benção fundamental para Israel, também presente na Lei (Dt 28). [Para ver mais sobre as promessas de prosperidade terrena no Antigo Testamente e como vemos isso à luz do novo,clique aqui].
Deus não associa necessariamente sua benção como símbolo da fortuna, e conhecemos o combate de Jó no qual, com efeito, este deve aprender que a benção permanece sobre ele apesar de sua miséria; não há uma equação rigorosa entre a riqueza e a benção.


Na realidade, Deus chama o homem a reconhecer que ele é verdadeiramente o Senhor do céu e da terra; Ele o conclama a reconhecê-lo como o Deus que dá e que se dá a si mesmo com abundância.
Tal é o alcance dessa relação entre a riqueza e a benção. É dizer que a riqueza não pode jamais ser considerada em si mesma, não é jamais um valor. E é precisamente porque ela está ligada a esta bênção, porque ela é símbolo desta realidade, que há escândalo e protesto nas páginas do antigo Testamento quando a riqueza é atribuída a um homem mau e injusto.
O salmista e Jó ecoam essa indignação. Isto é aos seus olhos quase uma profanação, pois o signo recebe (injustamente) a dignidade da coisa significada:
Eis que são estes os ímpios; e, sempre tranquilos, aumentam suas riquezas. Sl 73.12
Não confieis naquilo que extorquis, nem vos vanglorieis na rapina; se as vossas riquezas prosperam, não ponhais nelas o coração. Sl 62.10
Como é, pois, que vivem os perversos, envelhecem e ainda se tornam mais poderosos? [...]
e a vara de Deus não os fustiga. [...] Passam eles os seus dias em prosperidade e em paz descem à sepultura. E são estes os que disseram a Deus: Retira-te de nós! Não desejamos conhecer os teus caminhos. Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos orações? Vede, porém, que não provém deles a sua prosperidade; longe de mim o conselho dos perversos! Jó 21.7-16
Aqui está o escândalo: na atitude do rico com relação a Deus, que o afronta e permanece, contudo, com a aparência da benção. Não é uma questão de inveja e, menos ainda, de um materialismo religioso; trata-se de um escândalo verdadeiro diante de uma armadilha com a qual Satã se veste para o homem. Mas uma armadilha da qual Deus se servirá para que o homem aprenda onde se encontra a única e inteira benção de Deus. Conforme ficará mais claro no Novo Testamento. [1]
Que o Senhor seja gracioso conosco,

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