sábado, 28 de julho de 2012

JERICÓ



Jericó. Encontros (de Deus) na cidade

Jericó é, talvez, a mais antiga cidade do mundo. Situada na margem oeste do rio Jordão, a antiga cidade bíblica está a 2Km da actual Jericó. Do seu antigo esplendor, conserva a grandiosidade do oásis que ainda hoje sobrevive. Naquele tempo a cidade estendia-se por 300m de cumprimento e 160m de largura e era rodeada por uma dupla muralha.


A conquista de Jericó

No Antigo Testamento Jericó era a “porta” de entrada na Palestina. É por isso que o livro de Josué narra a conquista desta cidade. Mas a conquista de Jericó não é apresentada como uma batalha; é antes uma procissão com a arca da Aliança acompanhada do som das trombetas (Js 6,1-2). A arca continha as tábuas da Lei dadas por Deus a Moisés. A cidade não foi conquistada pela força dos exércitos de Israel, mas com a força de Deus.

Depois de sete dias de cerco, “mal o povo escutou o som das trombetas, fez ouvir um grande clamor e as muralhas da cidade desabaram; os filhos de Israel subiram à cidade, cada um pela brecha que tinha na sua frente, e tomaram a cidade” (Jos 6,20).


Ultima etapa para Jerusalém

No Novo Testamento Lucas descreve dois encontros em Jerico: a cura do cego de nascença (Lc 18,35) e o encontro de Jesus com Zaqueu, o publicano (Lc 19,1-10).


À entrada da cidade

Jesus ia para Jerico, quando “um cego que estava sentado a pedir esmola à beira do caminho, ouvindo a multidão que passava, perguntou o que era aquilo. Disseram-lhe que era Jesus de Nazaré que ia passar. Então, bradou: ‘Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!’ Os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse”.

Mas ele não se intimidou e gritava cada vez mais: «Filho de David tem misericórdia de mim!».


A missão de Jesus

Desde o início, a missão de Jesus é trazer a boa noticia aos pobres, a libertação aos prisioneiros e “aos cegos, a recuperação da vista” (Lc 4,18). O cego, chega à fé em Jesus salvador, partindo da sua situação concreta: da cegueira que o excluiu da vida social. Jesus, por seu lado, encontra-o nesta estrada da necessidade elementar de ver e de comunicar, e diz-lhe: “A tua fé te salvou” (Lc 18,42).

Diante de um pobre que é excluído da sociedade, Jesus não fica indiferente: “Jesus parou e mandou que lho trouxessem” (Lc 18,40). A cura traz a dupla resposta: do cego, que dá gloria a Deus e se poe a seguir Jesus; e da gente, que louca o Senhor pelo milagre que testemunharam.


Atravessando a cidade

Se Josué assistiu ao cair das muralhas da cidade de Jericó, Jesus conseguiu a entrada no Reino de Deus de um rico:“Sim, é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” (Lc 18,25). Atravessando a cidade Jesus encontrou-se com Zaqueu. É o chefe dos cobradores de impostos. Rico. Com dinheiro tirado ao povo por conta dos odiados romanos. Baixo. Mas muito determinado em ver Jesus.

Lucas não nos diz porque deseja ver Jesus. Simples curiosidade? É normal. Mas isto talvez não baste para explicar o comportamento de Zaqueu: “Procurava ver Jesus e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. Correndo à frente, subiu a um sicómoro para o ver, porque Ele devia passar por ali” (Lc 19,3-4).


Jesus chama pelo nome

Há algo que o move, algo que nem sequer ele sabe como definir. E Zaqueu que queria ver, acaba por ser visto: “quando chegou aquele local, Jesus levantou os olhos e disse-lhe: ‘Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa’” (Lc 19,5).

A iniciativa passa a ser de Jesus. Jesus chama-o pelo nome e diz-lhe que hoje deve ficar na sua casa.

No fundo, Zaqueu era uma pessoa profundamente isolada, desprezado pelos seus vizinhos e sem se poder abeirar de Deus, devido à sua vida de roubo.


Acolher Jesus na alegria

Existe em Zaqueu um vazio, que ele tentou preencher com o sucesso e a riqueza. Um vazio que permaneceu…vazio! E que o levou a subir àquele sicómoro, dando um “pontapé” a tudo aquilo que até então tinha sido o importante para ele. Só Jesus podia preencher o vazio. E tudo começou porque Jesus levantou os olhos…

Jesus caminha pela cidade, e não se distrai com coisas supérfluas ou com as multidões entusiastas. Mas sabe captar o essencial: a sede da vida nova que Zaqueu começa a sentir.

Sabemos o resto da história (cfr. Lc 19,7-10). Zaqueu, sentindo-se acolhido no coração de Jesus que o ama, é capaz de entrar numa nova relação com os outros.


Deus na nossa cidade?

Porque não? A tua terra não é pior que Jericó. Também nela alguém de coração vazio se pode encontrar com Jesus. Tu, catequista, és o homem, a mulher que hoje esta capaz de fazer os mesmos gestos de Jesus. Experimenta levantar os olhos e olhar para as árvores. Procura com atenção de coração vazio. Vai ter com ele. Fala. Vai à sua casa. Mostra-lhe que amas esse coração vazio. Acompanha-o no caminho para uma vida nova.


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