domingo, 5 de fevereiro de 2012

Você pergunta: Posso me divorciar por não achar mais graça na mulher?




Gostaria que você me explicasse para eu poder entender melhor o que estou lendo. Em Dt 24. 1, fala que o homem pode devolver a mulher ou mandá-la embora se não achar graça em seus olhos ou achar coisa indecente nela. Mas a Palavra não diz que separação é só por adultério? O que seria esse não achar graça ou achar coisa indecente?
Bom, primeiramente, vamos ver o que diz o texto que você cita: “Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa…” (Dt 24. 1)
Antes de responder diretamente as suas perguntas é importante dizer que o divórcio não agrada a Deus, mas Ele o permitiu por causa da dureza do coração do ser humano.“Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio.” (Mt 19. 8). É importante dizer também que essa “permissão” não é uma licença para que as pessoas saiam por aí se divorciando. O divórcio é a última opção e, ainda assim, é algo totalmente terrível na vida de um casal, já que mostra que os dois, ou pelo menos um, mantém um coração duro. Deus odeia o divórcio (Ml 2. 16).
Assim, no texto que você citou não temos, portanto, Deus incentivando o divórcio, mas provendo uma forma de proteção para solucionar a questão de uma melhor forma diante Dele e da sociedade. Dito isto, vamos analisar o texto:
“Dt 24:1- Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa…”
O texto citado trata de um divórcio permitido por existir na mulher “coisa indecente”. Esse termo provavelmente signifique algo vergonhoso ou imoral. Deus nunca permitiu o divórcio por motivos fúteis. Assim, podemos inferir que seja algum tipo de conduta gravíssima. No entanto, não há como precisar o que é exatamente esse termo. A única coisa que é certa é que ele não se refere ao adultério, já que a pena da lei para o adultério no Antigo Testamento era a morte, o que, nesse texto, não é orientado. (Lv 20. 10)
A sequência desse texto mostra a seriedade com que o tema foi tratado. Quando Deus manda dar a mulher um “termo de divórcio”, busca regularizar a situação provocada pelo casal perante a sociedade. Era um documento oficializando aquela dureza de coração; era algo sério. O detalhe desta lei é que depois de separados, era proibido voltarem a se casar, o que pode indicar que Deus requeria seriedade na decisão da questão. (Dt 24. 4)
Ainda com relação ao divórcio, temos um texto de Jesus que diz: “Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.” (Mt 5:32).Alguns apontam esse texto para sustentar que divórcio é só em casos de adultério, porém, a questão é definir o termo “relações sexuais ilícitas”. O termo grego usado aqui por Jesus é“porneia” e indica uma ampla gama de pecados sexuais e atos indecentes e vis. Jesus não usou aqui a palavra grega “Moicheia” (adultério), o que pode nos indicar que ele tenha em mente outra coisa, além do adultério. Talvez a fala de Jesus aqui seja algo relacionado à “coisa indecente” de Dt 24.1, mas não sabemos ao certo.
Paulo também fala sobre essa questão. Ele diz sobre a possibilidade de divórcio entre um cristão que foi abandonado por um não-cristão. “Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz.” (1Co 7. 15)
Aqui ficam alguns questionamentos: Que tipo de comportamento de um não-cristão caracteriza o abandono (apartar-se)? Quais motivos seriam validos diante de Deus para o crente aceitar esse abandono de seu esposo (a) não-cristão e divorciar-se?
A questão é bem complexa e está longe de ser resolvida de forma simplória.
Por exemplo: Imagine que uma mulher cristã é casada com um não-cristão. Esse homem é violento, possessivo e a agride. Ela já tentou de tudo e tem sido agredida de forma cada vez mais violenta e assustadora. Essa mulher deveria permanecer casada? O marido não a traiu e, por causa disso, ela deve ficar casada e sendo humilhada e agredida?
Os motivos fúteis são rejeitáveis para o divórcio, mas e esses motivos como o citado acima? São válidos?
São questões que, em minha opinião, devem ser bem avaliadas para que não se coloque um peso nas costas das pessoas que Deus não deseja.

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